Emagrecer, engordar, emagrecer, engordar.
Acredito que muita gente já deve ter passado por isso pelo menos uma vez na vida. Normalmente esse, que é conhecido como efeito ioiô ou efeito sanfona, acontece em consequência de uma perda de peso rápida que, em quase 100% das vezes tem como resultado um ganho de peso tão rápido quanto, depois de 6 meses a 2 anos.
Todos os anos, dezenas de milhões de pessoas –independentemente de serem obesos ou magros, adolescentes ou adultos, atletas ou sedentários, anônimos ou celebridades — tentam achar o melhor método para perder peso de alguma forma.
Esses métodos são frequentemente encorajados por seus pais, amigos, profissionais de saúde, treinadores, uma mídia que promove uma imagem esbelta e uma indústria de dietas que no mundo têm um faturamento anual de muitas dezenas de bilhões.
A recuperação de peso é quase sempre uma regra e traz a conta mais cedo ou mais tarde. Com estudos feitos a longo prazo mostrando que pelo menos um terço dos indivíduos recuperam mais peso do que perderam, juntamente com estudos prospectivos indicando que fazer uma dieta restritiva durante a infância e adolescência prediz um ganho de peso maior e até obesidade no futuro adulto, há uma preocupação cada vez mais crescente com alterações frequentes de peso.
O efeito sanfona faz mal à saúde?
Será que fazer uma dieta restritiva pode, paradoxalmente, promover exatamente o oposto do que se pretende alcançar? Será que realmente torna as pessoas mais gordas? Será que esse efeito sanfona aumenta os riscos de doenças cardio-metabólicas, já que muitos passam por ciclos repetidos de perda de peso intencional e recuperação de peso não intencional?
Embora muita gente pense que fazer dietas para redução de peso seja benéfico para a saúde, as altas taxas de reganho de todo o peso perdido (e às vezes até mais) aumentam a preocupação sobre as conseqüências adversas à saúde a longo prazo dessa oscilação de peso.
O que acontece no coração com esse ganho/perda de peso constante?
A comunidade científica tem alertado para a associação entre problemas cardiovasculares e o ciclo repetitivo de dietas e efeito ioiô desde a década de 80. Alguns trabalhos sugerem que a oscilação de peso resultante de intervenções repetitivas para perder peso, mesmo em pessoas com peso “normal” parece ter uma associação muito maior com risco metabólico e cardiovascular que pessoas que mantém o peso estável com o passar dos anos.
É importante notar que não são somente as pessoas com sobrepeso e com obesidade que sofrem com o efeito sanfona. Basta olhar ao seu redor quantas pessoas com peso considerado normal entram em desafios de verão, de carnaval, antes do Natal para perder peso (e depois ganham o peso perdido de novo).
Todos os dias mais pessoas buscam uma forma de perder peso rápido, não só mulheres, mas também homens, jovens, adolescentes e até crianças têm entrado na onda…
Um estudo que analisou pessoas sem excesso de peso determinado pelo índice de massa corporal (IMC), identificou que flutuações no peso corporal resultante de dietas restritivas e repetitivas no intuito de perda de peso colocam o sistema cardiovascular em estresse e as variáveis como pressão sanguínea, ritmo cardíaco, atividade simpática (que vai controlar, entre outras coisas, os batimentos cardíacos), glicose sanguínea, níveis plasmáticos de lipídios e níveis de insulina podem sofrer alterações.
Os autores preveem que, como a busca por dietas restritivas para perda de peso e o efeito sanfona têm começado cada vez mais cedo e suas consequências sobre o sistema cardiovascular são cada vez mais evidentes, isso poderia levar, lentamente e à longo prazo, ao aumento na prevalência de doenças cardiovasculares nas próximas décadas.
Um outro artigo publicado em maio de 2019 a partir de trabalhos da Associação Americana do Coração confirmou essa previsão. O estudo mostrou que mulheres que passaram pelo efeito sanfona têm um risco aumentado de desenvolver doenças cardio e cerebrovasculares e os pesquisadores sugerem que estudos de mais longo prazo são necessários. Eles, assim, querem entender melhor o período crítico dessa montanha russa de perda e ganho de peso e o impacto cardiovascular mais significativo, principalmente porque o efeito sanfona têm começado infelizmente cada vez mais cedo.
Isso é muito preocupante e precisa ser levado muito a sério!
Então, se eu quiser emagrecer, qual o meio seguro?
Dietas muito restritivas vão levar a várias respostas fisiológicas no seu corpo. Essas respostas vêm de todos os tecidos metabolicamente ativos no seu corpo. Quando você restringe de repente calorias ou grupos alimentares na sua alimentação, seu corpo entende isso como um período de escassez e ele vai agir na contracorrente do que você deseja. São duas grandes adaptações bem descritas que ocorrem dentro do seu corpo:
- Ele vai economizar energia, então seu metabolismo vai ficar mais lento.
- Você vai pensar mais em comida, seu apetite vai aumentar.
Isso não é falta de força de vontade, é apenas seu corpo gritando por socorro, porque ele precisa sobreviver e busca sempre equilíbrio e energia para exercer suas funções!
O ideal nesses casos é procurar um profissional de saúde. O nutricionista pode te orientar da melhor forma possível, baseado nos seus hábitos alimentares, seu histórico, seu metabolismo, respeitando sempre a sua saúde. O importante é encaixar bons hábitos na sua rotina e não impor uma mudança drástica na sua vida que pode assustar seu corpo e sua saúde!
São muitos fatores que podem ajudar na busca de um peso saudável. É saber diferenciar fome, sede, ansiedade, tédio; fazer as pazes com o que você come e reaprender a ouvir seu corpo, seus sinais de fome e saciedade. Tudo isso ajuda a comer melhor e o peso será consequência!
É importante entender que esse processo precisa de tempo para chegar às mudanças definitivas que você deseja. Por isso tenha paciência.
Se você não pratica uma atividade física, pode ser um bom momento para descobrir uma maneira de se exercitar que te dê prazer e comece a se mexer mais! Uma caminhada, nadar, dançar, brincar com as crianças, pilates, musculação, yoga.
Já vimos que perder peso rápido vai, quase que invariavelmente, levar a um ganho de peso tão rápido quanto. E às vezes o ganho de peso consequente pode ser até maior que a perda. E, de novo, isso não é falta de foco, força e fé. É simplesmente uma resposta do seu corpo! Vimos também que esse efeito sanfona pode afetar o nosso sistema cardiovascular. Então, que essa mudanças venham lentamente… Seu coração agradece!
CEO em Espaço Volpi
Médico Nutrólogo, fundador do Espaço Volpi, uma clínica especializada em emagrecimento, performance física e cognitiva e longevidade.
Mentor de Produtividade e Alta Performance do G4 Educação.
Professor e fundador do grupo GM4 e @OMedicoEmpresario - cursos e imersões na área médica e de gestão para médicos.
Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Longevidade.
Faixa preta de jiu-jitsu desde 2004.
Mentor de Produtividade e Alta Performance do G4 Educação.
Professor e fundador do grupo GM4 e @OMedicoEmpresario - cursos e imersões na área médica e de gestão para médicos.
Diretor da Sociedade Brasileira de Medicina da Longevidade.
Faixa preta de jiu-jitsu desde 2004.
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